Mais detalhes sobre este facto:
No coração de um resto de supernova a 10,000 anos-luz de distância, encontra-se um objecto estelar nunca antes visto na nossa Galáxia pelos astrónomos.
À primeira vista, o objecto parece um denso corpo estelar conhecido como estrela de neutrões, rodeado por uma bolha de material estelar ejectado, exactamente o que se esperava de uma explosão de supernova.
No entanto, um olhar mais detalhado ao longo de 24.5 horas, usando o telescópio de raios-X XMM Newton da ESA, revelou que as emissões energéticas do objecto azul ciclam a cada 6.7 horas - dezenas de milhares de vezes o tempo esperado para uma estrela de neutrões recém-criada.
É um comportamento mais comum nas estrelas de neutrões (ou pulsares) que existem há já milhões de anos, dizem os cientistas.
"O comportamento que vemos é especialmente confuso tendo em conta a sua jovem idade, menos de 2,000 anos," disse o líder do estudo, Andrea De Luca do Instituto Nacional de Astrofísica (INAF) de Milão. "Durante anos tivémos a sensação de que este objecto era diferente, mas nunca soubémos quão diferente até agora," disse De Luca.
As descobertas estão detalhadas na edição de 7 de Julho da revista Science.
De nome 1E161348-5055, ou apenas 1E, o objecto está embebido quaso no centro exacto de RCW103, um resto de supernova localizado a 10,000 anos-luz de distância na direcção da constelação do Esquadro. Os astrónomos pensam que 1E e RCW103 nasceram ambos do mesmo catastrófico evento.
Tal como outras estrelas de neutrões, que se formam quando uma estrela com pelo menos oito vezes a massa do Sol gasta o seu combustível e explode numa supernova, estima-se que 1E tenha apenas 20 km de diâmetro.
Uma explicação para o estranho comportamento da estrela de neutrões é que talvez possa ser um magnetar, uma exótica subclasse de estrelas de neutrões altamente magnetizadas. Dos cerca de uma dúzia de magnetares conhecidos, no entanto, a maioria geralmente gira algumas vezes por minuto - muito mais depressa que 1E.
Esta explicação pode ainda funcionar, no entanto, se o magnetar estiver rodeado por um disco de detritos que ajuda a diminuir a velocidade de rotação da estrela de neutrões. Este cenário nunca foi observado e marcaria a descoberta de um novo estágio na evolução das estrela de neutrões, se confirmado.
Outra explicação, dizem os cientistas, é que 1E faz parte de um sistema binário, em que a sua companheira é uma estrela de baixa-massa, com metade (ou menos) da massa do Sol.
Tais sistemas binários de raios-X são conhecidos, mas regularmente envolvem sistemas milhões de vezes mais velhos que 1E.
Apesar das muitas especulações, a curta resposta é que os cientistas simplesmente ainda não conseguem explicar o estranho comportamento de 1E.
"RCW103 é um enigma," disse o membro da equipa de estudo, Giovanni Bignami, director do CESR (Centre d'Etude Spatiale des Rayonnements), na França. "Quando descobrirmos a explicação, aprenderemos muito mais sobre supernovas, estrelas de neutrões e sua evolução."
In Centro de Ciência Viva do Algarve