Bom, o João é mesmo a pessoa indicada para te responder, pois a foto é dele, no entanto, para se conseguir uma exposição tão longa, tens de fazer várias exposições, em diferentes noites, e não uma só exposição; por norma, para se conseguir uma foto tão fantástica, como a que o João efetuou, efetuam-se várias exposições, que se chamam sub-frames, com um determinado tempo; vamos imaginar que cada exposição é de 60segundos, e o tempo de cada exposição nunca é demasiado longo, para evitar que o CCD ou a DSLR não capte muito ruído; efetuam-se então uma série de exposições de 60 segundos cada, a que se chamam de lights; depois, para eliminar o ruído que sempre aparece nas exposições, efetuam-se as chamadas Darks, em que também têm de ter o mesmo tempo de exposição, de 60 segundos neste exemplo, à mesma temperatura ambiente que as lights, o mesmo ISO, mas com a diferença de ter o telescópio ou objectiva tapada ( a finalidade destas exposições é detectar os chamados hot-pixels que são produzidos pelo software da máquina, e eliminá-los no programa que utilizarmos para formar a nossa imagem) ; além destas, também se efetuam exposições que se chamam de flats e bias; as flats são efetuadas com um acessório específico que parece um painel luminoso, para formar uma imagem uniforme e eliminar as imperfeições de sensibilidade que os sensores dos CCDs e DSLRs têm; um dos problemas é o que se chama de vinhetagem, que são os bordos das imagens mais escuros que no centro;outro problema que os flats também eliminam, são aquelas imperfeições que se notam nas imagens causadas por poeiras presentes no sensor, e na imagem parece um nódulo escuro;estas exposições, de flats, efetuam-se com os mesmos settings anteriores, de temperatura, tempo e Iso, mas em vez de ter a objetiva tapada, têm-se esse projetor de luz; bom, finalmente, efetuam-se as denominadas bias, também com a mesma temperatura, com a objetiva tapada,com o menor Iso possível, e em vez dos 60 segundos, do nosso exemplo, as exposições são efetuadas com a maior velocidade de obturação permitida na máquina que estivermos a utilizar; estas exposições servem para eliminar o ruído vermelho presente em todas as sub-frames;
Para ser ainda mais elaborado, as chamadas lights,que são as nossas exposições principais, podem, e nas melhores fotos são, efetuadas por partes, nos chamados canais RGB, red, green e blue: ora bem, seria várias exposições de 60 segundos no canal vermelho( red ), várias exposições (sempre o mesmo número de exposições para cada canal, ok? )de 60 segundos no canal verde(green), e o mesmo para o canal azul (blue); mais elaborado ainda ( só para complicar mais um bocadinho, eh eh eh) seria efetuar as lights utilizando para cada um dos canais, filtros específicos, que só deixam passar uma determinada banda do espectro de luz, e neste caso, utilizaria-se um filtro de Ha ( hidrogénio alfa) , um filtro de O-III ( oxygen tipo III) e um filtro S-II ( sulfur tipo II);a cada um destes filtros seriam atribuídos um canal, e no final, o conjunto das exposições com estes filtros, formariam as nossas lights ou light.
Ora bem, então o tempo total da nossa imagem seria, todas as exposições somadas, de lights ( independentemente da técnica utilizada, só com exposições normais, com filtros RGB ou com filtros Ha, O-III e S-II), as darks, os flats e as bias, e no final, então teriamos as tais horas de exposição total, entendes?
Para podermos ter uma imagem, em que se possa trabalhar, para ajuste de níveis, ou balanceamento de côr, todas essas exposições são empilhadas ( se se pode chamar assim) em programas específicos, e um dos mais populares é o DSS ( deep sky stacker ); após este processo,que normalmente é longo, então a imagem pode ser tratada com outro programa, tipo o Photoshop.
Isto parece muito complicado, e no início até o é, mas a idéia é ir passo a passo, ir adquirindo conhecimentos, experiência, ir comprando este ou aquele acessório, e quando deres por ela, tás um astrofotógrafo.
Espero não ter complicado muito as coisas, e o João que me corrija se eu estiver a dizer asneiras.