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Offline Iridium

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HÁ 12 MIL ANOS QUE A TERRA NÃO ESTAVA TÃO QUENTE
« em: Setembro 26, 2006, 02:33:41 pm »
HÁ 12 MIL ANOS QUE A TERRA NÃO ESTAVA TÃO QUENTE

Um novo estudo por climatólogos da NASA mostra que a temperatura da Terra está a alcançar um nível não visto há já milhares de anos.

O estudo aparece na edição actual do "Proceedings of the National Academy of Sciences", escrito por James Hansen do Instituto Goddard da NASA para os Estudos Espaciais, em Nova Iorque, colegas da Universidade de Columbia, "Sigma Space Partners, Inc", e da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB). O estudo conclui que, devido ao rápido aquecimento que se tem registado nos últimos 30 anos, a Terra está agora a alcançar e a ultrapassar os níveis mais quentes do actual período interglacial, que já dura há 12,000 anos. Este aquecimento está forçando uma migração de espécies animais e vegetais na direcção dos pólos.


Devido ao rápido aumento da temperatura nos últimos 30 anos, a Terra está agora a alcançar e a passar os níveis mais elevados dos últimos 12,000 anos. Este mapa mostra como as temperaturas mudaram em média entre 2001-2005. 2005 é considerado como o ano mais quente de que há memória. O vermelho escuro indica o aquecimento maior e o roxo o maior arrefecimento.
Crédito: NASA

O estudo inclui medições instrumentais da temperatura global durante o último século. Estes dados revelam que a Terra tem aquecido a uma rápida velocidade de aproximadamente 0.2º Celsius por década nos últimos 30 anos. Este aquecimento observado é similar ao previsto nos anos 80 em simulações globais climáticas com níveis cada vez maiores de gases de estufa.


"Estas provas implicam que estamos a chegar a perigosos níveis de poluição humana (antropogénica)," disse Hansen. Em décadas recentes, os gases de estufa produzidos pelo Homem tornaram-se no factor de mudança climática dominante.


Este mapa mostra a progressão do aquecimento global entre 1882 e 2005, o ano mais quentes alguma vez registado. O vermelho escuro indica o aquecimento maior e o azul escuro o maior arrefecimento.
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Crédito: NASA

O estudo nota que o aquecimento do planeta é mais significativo a altas latitudes no Hemisfério Norte, e é maior em terra do que em áreas oceânicas. O maior aquecimento a altas latitudes é atribuído aos efeitos do gelo e da neve. À medida que a Terra aquece, a neve e o gelo derretem, pondo a descoberto superfícies escuras que absorvem mais luz solar e aumentam a temperatura, um processo chamado "feedback positivo". O aquecimento é menor no oceano do que em terra devido à grande capacidade de dispersão de calor do oceano profundo, que faz com que este aquecimento ocorra mais lentamente.

Hansen e seus colegas em Nova Iorque colaboraram com David Lea e Martin Merdina-Elizade da UCSB para obter comparações entre temperaturas recentes e a história da Terra ao longo dos últimos milhões de anos. Os cientistas da Califórnia obtiveram um registo de temperaturas oceânicas tropicais da superfície a partir do conteúdo de magnésio das conchas de animais microscópicos da superfície marítima, registados nos sedimentos oceânicos.


Dados deste estudo revelam que a Terra tem aquecido aproximadamente 0.2º Celsius por década durante os últimos 30 anos. Este rápido crescimento levou a temperatura global a cerca de um grau da temperatura máxima estimada dos últimos milhões de anos, quando o nível do mar era cerca de 25 metros maior do que é hoje em dia.
Crédito: NASA

Um dos achados desta colaboração é que os Oceanos Pacífico Equatorial Oeste e Índico estão agora tão quentes, ou até mais, do que em qualquer altura anterior do Período Holoceno. O Holoceno é um período relativamente quente que já existe há quase 12,000 anos, desde o fim da última grande idade do gelo. Estes dois oceanos são importantes porque, como os cientistas mostram, a mudança da temperatura aí é indicativa da mudança de temperatura global. Por isso, por inferência, o mundo como um todo é agora tão quente, ou até mais, do que em qualquer altura do Período Holoceno.

De acordo com Lea, "O Oceano Pacífico Oeste é importante por outra razão: é uma grande fonte de calor para os oceanos da Terra e para a atmosfera global."


O "efeito de estufa" é o aquecimento climático que resulta quando a atmosfera captura o calor radiando da Terra para o espaço. Certos gases na atmosfera fazem lembrar o vidro numa estufa, permitindo à luz passar até à "estufa", mas bloqueando o calor da Terra de escapar para o espaço. Os gases que contribuem para o efeito de estufa incluem o vapor de água, dióxido de carbono (CO2), metano, óxido nitroso e clorofluorocarbonetos (CFC's).
Crédito: U.S. EPA

Em contraste com o Pacífico Oeste, os cientistas descobriram que o Pacífico Este não mostra uma magnitude igual no que respeita ao aquecimento. Explicam este aquecimento menor no Pacífico Este, perto da América do Sul, pelo facto desta região permanecer mais amena devido à subida de água profunda mais fria para profundidades menores. As profundas camadas oceânicas podem ainda não ter sido afectadas pelo aquecimento provocado pelo Homem.

Hansen e seus colegas sugerem que a diferença no aumento de temperatura entre o Pacífico Oeste e Este pode aumentar a probabilidade de ocorrência de fortes El Niños, tais como os de 1983 e 1998. Um El Niño é um evento que tipicamente ocorre a cada alguns anos, quando as quentes águas superfíciais no Pacífico Oeste batem a Este na direcção da América do Sul, no processo alterando os padrões climáticos por todo o planeta.


O estudo nota que o maior aquecimento ocorre a grandes latitudes no Hemisfério Norte. Aqui, terrenos cobertos por neve actuam como um grande reflector que faz ressaltar a radiação solar de volta para o espaço. À medida que estes camadas de neve derretem, a percentagem de luz solar reflectida, ou "albedo", diminui. Sendo assim, o oceano mais escuro e o terreno exposto podem melhor absorver a luz e o calor, dando mais energia para o derretimento do gelo.
Crédito: NASA

O resultado mais importante descoberto por estes cientistas é que o aquecimento em décadas recentes fez subir a temperatura global para um nível cerca de um grau Celsius maior que a temperatura máxima dos últimos milhões de anos. De acordo com Hansen, "isto significa que um posterior aumento de outro grau Celsius define um nível crítico. Se o aquecimento for mantido abaixo desse nível, os efeitos do aquecimento global podem ser relativamente manejáveis. Durante os mais quentes períodos interglaciais, a Terra era razoavelmente semelhante ao que vemos hoje. Mas se a temperatura global aumentar 2 ou 3 graus Celsius, iremos provavelmente ver mudanças que farão da Terra um planeta diferente daquele que conhecemos. A última vez que esteve assim tão quente foi no meio do Plioceno, há cerca de 3 milhões de anos, quando o nível do mar estima-se que tivesse 25 metros mais alto do que é hoje em dia."

O aquecimento global está já a ter efeitos perceptíveis na Natureza. As plantas e os animais podem sobreviver apenas em certas zonas climáticas, por isso com o aumento da temperatura nas últimas décadasm muitas destas espécies estão a começar a migar na direcção dos pólos. Um estudo publicado na revista Nature em 2003 descobriu que 1700 espécies vegetais, animais e de insectos, se moveram na direcção dos pólos a um ritmo de 6 km por década, e isto só na última metade do século XX.

Este ritmo de migração não é rápido o suficiente para acompanhar o ritmo do movimento actual de uma dada zona de temperatura, que já alcançou os 40 km por década no período entre 1975 e 2005. De acordo com Hansen, "o rápido movimento das zonas climáticas será outro problema na Natureza, somando ao stress da perda de habitat devido ao desenvolvimento humano. Se não diminuirmos a velocidade do aquecimento global, muitas espécies tornar-se-ão provavelmente extintas. Estamos praticamente a expulsá-las do planeta."

Fonte: Centro de Ciencia Viva do Algarve
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