Astrónomo sofre...Ora vejam lá este artigo :lol:
Turistas com os olhos postos no céu
Cristiano Pereira
É noite na Praia de Mira e pela marginal junto ao oceano deambulam famílias de emigrantes, turistas e campistas em férias. Há algo que cativa a atenção e provoca um ajuntamento: é um telescópio apontado ao céu. David Nunes, astrónomo amador, vai explicando ao povo aquilo que se pode ver no espaço imenso. À vista desarmada, o planeta Júpiter não passa de um pequeno ponto branco. Mas quando se lhe aponta o telescópio, o planeta ganha outra dimensão e até é possível observar quatro das suas luas. "É um planeta extremamente luminoso", frisa o astrónomo.O povo não quer perder o espectáculo e faz fila. "Aquilo é Júpiter? Como é que você sabe que aquela bolinha é Jupiter?", pergunta o homem bastante desconfiado e com ar de gozão. O astrónomo explica-lhe que existem formas que nos indicam o exacto local de cada planeta. Mas o homem não se convence e sai de lá a rir-se bastante. David encolhe os ombros. Está habituado a este tipo de reacções. Ou a outras bem piores: "Há gente que me tenta convencer que o homem nunca foi à lua e no outro dia esteve aqui um senhor a dizer-me que não é a Terra que orbita à volta do sol mas que é o sol que orbita à volta da Terra - ele dizia que tinha lido isso em livros antigos; eu tive que lhe dizer para comprar uns livros novos porque essas teorias já foram alteradas". O astrónomo conta ainda outro episódio curioso: "Uma noite estava aqui sozinho e aparece-me a brigada da GNR de G3 em punho. Perguntaram-me o que é que eu estava a fazer e eu disse que estava a observar estrelas". Os agentes da autoridade serviram-se do material: "Pediram-me para apontar o telescópio para um barco ao fundo porque estavam desconfiados que descarregavam qualquer coisa".
A fila para o telescópio é cada vez maior. Algumas pessoas não se inibem em apoiar o corpo no telescópio, desviando-o completamente de Júpiter. Com muita paciência, o astrónomo volta a colocá-lo no sítio. "Daqui por um bocado vamos apontar para um enxame de estrelas e, mais tarde, para a Lua", anuncia. "As crianças adoram ver a Lua toda esburacada com as crateras", prossegue. Mas há outra coisa que faz furor junto da criançada: uma espécie de caneta-lanterna que projecta um raio laser verde lembrando vagamente uma espada de um Jedi. O objecto tem o seu encanto. Sempre que o astrónomo o aponta para uma estrela ou um planeta, cria-se a ilusão de que o raio chega a tocar no espaço. Os putos adoram e querem brincar com o laser.
David Nunes chegou há poucos dias da NASA. Com ele levou dois jovens da zona Centro para um curso de formação no International Space Camp. E veio de lá maravilhado: "Construímos foguetões com as crianças, frequentámos workshops para compreender o sistema de propulsão do Space Shutle, simulámos várias missões e fizemos voos de gravidade zero nos quais durante 20 segundos estivemos a flutuar dentro do avião".
Fonte: Jornal de Noticias