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Offline PauloSantos

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Os limites do Universo em Sintra
« em: Outubro 13, 2006, 01:46:15 pm »
Mais de 150 cientistas de todo o mundo reuniram-se esta semana em Sintra para partilhar os resultados das suas investigações acerca do Universo profundo. As grandes estruturas que povoam o nosso Universo, os super enxames de galáxias, a estrutura de larga escala, as primeiras galáxias, os gigantescos buracos negros que habitam a maioria das galáxias, são alguns dos temas que desfilam nesta conferência. Competindo com o fascínio e mistério da belíssima Sintra, discutem-se as mais recentes tecnologias e métodos utilizados pelos investigadores. A conferência recebeu o sugestivo nome: "At the Edge of the Universe", ou seja, "Nos limites do Universo", e foi organizada pelo Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL).

A sessão de abertura foi dedicada à era da reionização. O Universo durante os primeiros milhões de anos era completamente opaco, ou seja, não há informação luminosa proveniente dessa era, que durou alguns milhões de anos. A formação das primeiras estruturas, o surgimento das primeiras estrelas foram o motor propulsor dos sinais luminosos que podemos hoje observar e estudar. Essas estruturas são as responsáveis pela era que chamamos Era da Reionização e que marca o aparecimento das primeiras estrelas, galáxias e quasares. É espantoso imaginar que as observações nos permitem hoje passar de um estágio em que aprendemos que a nossa galáxia não é a única (a partir de observações feitas por Edwin Hubble nos anos 20, há menos de 100 anos) a uma fase em que os recursos tecnológicos existentes nos permitem descobrir milhares de milhões de galáxias, ainda mais, questionarmos se afinal estaremos a observar as primeiras galáxias do Universo Observável. Imagens feitas com o Telescópio Espacial Hubble ncontram galáxias que existiam quando o Universo tinha apenas cerca de mil milhões de anos. Os especialistas discutem quando exactamente terá tido início a era da reionização e qual terá sido a sua duração. Qual será realmente a origem da primeira "luz" observada? Propõem modelos que pretendem recriar as assinaturas encontradas na radiação cósmica de fundo cuja origem terá sido nessa longínqua era.


Imagens de campo profundo, como esta imagem feita pelo telescópio espacial Hubble, foram o destaque nesta conferência. (NASA)

A formação de estrelas passa a ser o tema dominante. Qual o motor responsável por despoletar a formação estelar nas galáxias distantes, e portanto, nas galáxias existentes nos primórdios do Universo Observável? O estudo das regiões de formação estelar tem um papel fundamental na percepção da evolução das estruturas no Universo. Durante o seu ciclo de vida as estrelas são responsáveis pela formação de elementos mais pesados do que o hidrogénio e o hélio. Perceber a sua evolução, a sua origem, significa também perceber a evolução da formação dos elementos no Universo e a formação das estruturas que hoje o povoam. Os cientistas acreditam que embora o nascimento das estrelas seja algo comum e observado em diferentes estágios evolutivos, a luminosidade das regiões de formação estelar nessas eras primordiais indicam que a taxa de nascimento era consideravelmente maior. Os especialistas tentam perceber se a grande luminosidade observada nos seus mapeamentos são provenientes dessas maternidades estelares, ou se serão provenientes da matéria em acreção em torno dos gigantescos buracos negros que acreditam habitar a maior parte das galáxias.

Os buracos negros de grande massa existentes no centro da maior parte das galáxias são outro tema recorrente nas apresentações. Muitos deles têm à sua volta discos de matéria responsáveis por grande parte da luminosidade das galáxias que os albergam. Surgem questões como: "Serão eles os responsáveis pelo início da formação das estrelas? Ou a intensa formação observada tem origem na fase final da vida de estrelas que terminam abruptamente na forma de supernovas? Poderão as regiões de formação de estrelas ser um indicador fiável da história da formação do Universo?" Novos equipamentos são preparados com a esperança de trazerem nova informação sobre a fase em que as primeiras estrelas se formaram, qual o motor propulsor deste fantástico acontecimento, quão fiel é a história que nos contam. Voltando aos buracos negros, os especialistas discutem qual será a relação entre o seu crescimento e o das galáxias que os albergam. São propostas soluções como interpretar resultados comparativos entre mapeamentos feitos em diferentes comprimentos de onda , na mesma região, como por exemplo em raios-x, no óptico e no infravermelho. A complementaridade na informação trazida pelas diferentes bandas do espaço electromagnético pode ser a solução para percebermos as diferentes estruturas e as suas diferentes propriedades, algo que os astrónomos já sabem há muito. Diferentes técnicas e processos de interpretação dos resultados nessa perspectiva são abordados durante as sessões.

As diferentes populações de galáxias e as suas diferentes propriedades foram discutidas. As dificuldades na observação das populações mais distantes, ou na detecção dos objectos menos luminosos são temas recorrentes. Onde encontrá-los, como interpretar o seu sinal, como perceber as suas características básicas, como classificá-los correctamente, como perceber a sua contribuição e interacção com o resto são questões que promovem discussões acesas.

Nem todos têm a possibilidade de fazer uma apresentação oral, mas não querem perder a oportunidade de apresentar e discutir os seus resultados. Como é recorrente neste tipo de conferências, os trabalhos remanescentes são apresentados na forma de posters. Com um elevado número de participantes, a secção de posters surge muito enriquecida discorrendo sobre temas como:


    * Formação de estrelas
    * Evolução dos enxames de galáxias do passado longínquo até ao presente
    * Morfologia, evolução e cinemática das galáxias
    * Estrutura de Larga escala



E assim se faz ciência. Descobrindo, inovando, partilhando e beneficiando da oportunidade de partilhar o saber em locais magníficos. Desta vez foram os portugueses que tiveram a oportunidade de fascinar os participantes com os encantos de Sintra.

Link para o site da conferência: http://www.oal.ul.pt/deep06

Fonte: Portal do Astrónomo
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por PauloSantos »
Paços de Brandão/Stª Mª Feira

Latitude 40º 58\' 01"
Longitude -8º 34\' 59"
Altura 138m

Os limites do Universo em Sintra
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