A missão STEREO (Solar TErrestrial RElations Observatory) da Nasa , dedicada ao estudo da interacção Sol-Terra, foi lançada com sucesso esta madrugada, a partir de Cabo Canaveral (Florida).
Espera-se que esta missão aumente dramaticamente o nosso conhecimento sobre as poderosas erupções solares que podem enviar para o espaço mais de mil milhões de toneladas da atmosfera exterior do Sol.
A STEREO é composta por duas pequenas sondas muito semelhantes e as suas observações permitirão construir as primeiras imagens tridimensionais do Sol. Estas imagens mostrarão o ambiente tempestuoso do Sol e os seus efeitos no interior do sistema solar, dados vitais para que consigamos compreender o papel que o Sol desempenha na 'meteorologia espacial'.
Ao longo de dois anos, ambas as sondas explorarão a origem, evolução e consequências interplanetárias das ejecções de massa coronal, algumas das mais violentas explosões que se verificam no nosso Sistema Solar. Quando direccionadas para a Terra, estas erupções de milhares de milhões de toneladas podem produzir, tanto espectaculares auroras boreais, como graves falhas de funcionamento nos satélites orbitais, nas comunicações rádiose nos sistemas de transporte de energia. As partículas de energia associadas a estas erupções solares espalham-se por todo o sistema solar e podem ser potencialmente perigosas para os astronautas e naves espaciais.
Em cima: Visão artística da missão STEREO. Em baixo: Fotografia da STEREO. Crédito: NASA. Um dos componentes da missão, produzido pela Universidade de New Hampshire (EUA), designa-se por PLASTIC-Plasma and Supra-Thermal Ion Composition e fornecerá as características de plasma dos protões, particulas Alfas e iões pesados.Os protões e as partículas alfa do vento solar constituem a maior parte da sua massa sendo assim os principais componentes da pressão cinética externa exercida na magnetosfera terrestre.
O vento solar é uma corrente contínua de partículas carregadas provenientes do Sol, que transportam a sua extensa atmosfera e campo magnético. A uma velocidade superior a 1.500.000 km/h, o vento solar preenche o espaço interplanetário e gera o clima espacial. A composição do vento solar fornece um meio para identificar e caracterizar as regiões solares que emitem estas partículas, um processo que é essencial na elaboração de previsões de certos tipos de tempo espacial.
"Em questão de previsões meteorológicas para o espaço, encontramo-nos hoje no mesmo ponto em que estavam os meteorologistas terrestres na década de 50," diz Michael Kaiser, cientista do projecto STEREO no Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA. "Eles não viam os furacões até que as nuvens estivessem posicionadas por cima de si. No nosso caso, podemos ver as tempestades partirem do Sol, mas temos que usar modelos e tentar adivinhar quando e como elas atingirão a Terra."
De forma a conseguir obter uma visão estereoscópica do Sol, as duas sondas têm de ser posicionados em órbitas diferentes. Tal como a separação que existe entre os nossos olhos nos permite percepcionar a profundidade, também a separação entre os observatórios vai permitir a obtenção de imagens do Sol em três dimensões.
Fonte:Portal do Astronomo