Olá,
É de facto tal como diz o amigo João Marum.
Coma (fora do eixo) é a aberração dominante dos telescópios newtonianos de relação focal curta. Não é defeito, é uma característica típica dos parabolóides de curta razão focal. Minimiza-se substancialmente com um corrector de coma (por exemplo o Paracorr). Neste caso o que a boa ocular faz é amplificar o que tem à frente, com coma e tudo. Mas não é a ocular que a origina essa coma.
Coma no centro do campo é uma característica dos telescópios descolimados, de qualquer tipo: refractores, SCT, MCT, newtonianos, Mak-Newton, Schmidt-Newton (menos detectável nos Ritchey-Chrétien).
O astigmatismo junto à borda do campo é uma característica das oculares, quase todas, em maior ou menor grau. É mais notório quando as oculares são de grande distância focal (porque o campo analisado por elas é mais amplo, incluindo pontos muito longe do centro do campo), nas de campo muito extenso( e menos apuradas) ou ainda quando as oculares são usadas em telescópios de relação focal curta. A Nagler apresenta astigmatismo junto à borda do campo, mas é cerca de 1/10 do de uma Erfle.
Astigmatismo no centro do campo é uma característica de más ópticas (objectivas de refractores e espelhos primários de reflectores que ou são maus ou estão demasiado apertados nos seus suportes a ponto de gerar astigmatismo por deformação elástica das superfícies ópticas. Ou ainda uma característica de lentes correctoras de catadióptricos excessivamente apertadas nos seus suportes.
As oculares ortoscópicas são provavelmente as melhores oculares que se podem comprar por um dado preço. Só gastando muito mais dinheiro é que se conseguem ligeiras melhorias nas imagens observadas. A distorção de uma ocular ortoscópica é praticamente nula (como a própria palavra "ortoscópica" implica, por definição). Esta distorção é muitíssimo menor do que nas Nagler, muitíssimo menor do que nas Panoptic e bastante menor que nas Plossl. Numa ocular ortoscópica, um segmento de recta é visto como um segmento de recta e um quadrado é um quadrado e não um ecrã de televisor antigo.
Uma ocular ortoscópica de 25 mm de distância focal vai mostrar algum astigmatismo na borda do campo quando utilizada num telescópio f/5. Isso acontece porque o diafragma de campo é suficientemente grande para conter pontos a uns 9 mm do eixo. Mas uma ocular planetária tem geralmente distância focal pequena, por exemplo 9 mm; então, o diafragma de campo é bastante pequeno (uns 3,5 mm de raio) e só observaremnos pontos pouco afastados do eixo: o astigmatismo será insignificante e não haverá problema algum, mesmo em f/6. E até mesmo em f/5. E numa Orto de 7 mm, ou menos, ainda melhor.
Os benefícios das Nagler e das Panoptic, em relação às ortoscópicas, notam-se apenas no que diz rspeito à nitidez na borda do campo, quando são oculares de distância focal relativamente grande ou o telescópio tem relação focal muito curta. Mas a nitidez no eixo de uma ortoscópica não é inferior à das Nagler ou das Panoptic para f/D acima de 6. E veja-se que uma Panoptic custa mais de três vezes o preço de uma Orto, para imagens que, em uso planetário puro, não são melhores. Não estou com isto a despromover as Panoptic e as Nagler, mas estou a afirmar que a relação performance/custo de uma Orto é muito superior à das outras. E que no seu terreno de acção típico (uso planetário e lunar) a diferença de performance é minima, para uma diferença abismal no preço. Mas para céu profundo e para wide field, é claro que uma Panoptic ou uma Nagler são muito mais vantajosas.
Existem as oculares da família LV de curta focal, com o benefício acrescido de um afastamento maior da pupila de saída do que as oculares ortoscópicas, e isso é verdade. Mas é também verdade que uma orto tem 4 superfícies ar-vidro e uma LV tem 8 superfícies ar-vidro, com todas as oportunidades de difusão adicional de luz que tal implica...
Boas observações
Guilherme de Almeida