O observatório orbital que deixou de boca aberta os astrónomos e o público em geral com as suas espantosas imagens do cosmos, irá dentro em breve falhar sem uma missão de reparação.
Michael Griffin, da NASA, anunciou ontem que o Hubble irá de facto ser salvo. As recentes modificações no sistema de lançamento do vaivém espacial proporcionaram a sua decisão positiva de mandar uma tripulação ao Hubble para mais uma missão. Esta, designada STS-125, deverá ser lançada em 2008.
O Telescópio Espacial Hubble, visto do vaivém Discovery, durante a segunda missão de reparação, STS-82.
Crédito: NASA/JPL, STS-82"Vamos adicionar mais uma missão de serviço [ao Telescópio Espacial Hubble] - ao manifesto do vaivém, antes deste se reformar," anunciou o Dr. Griffin a uma audiência no Centro Espacial Goddard em Maryland, EUA, onde é gerido o programa Hubble.
As baterias e giroscópios do observatório, usados para o apontar, estão degradados e precisam de ser substituídos.
A tripulação do vaivém irá também instalar dois novos instrumentos: a WFC3 (Wide Field Camera 3), e o COS (Cosmic Origins Spectograph). Estes novos instrumentos irão aumentar significativamente a capacidade do Hubble de observar objectos ténues e distantes do início do Universo.
A missão de serviço deverá prolongar o tempo de vida orbital do Hubble até pelo menos 2013, altura em que a NASA deverá lançar o seu sucessor: o Telescópio James Webb.
A decisão do Dr. Griffin inverte a do seu predecessor, Sean O'Keefe, que cancelou a visita planeada após o desastre do vaivém Columbia em 2003. O escudo térmico do "orbiter" tinha sido danificado durante o lançamento e a nave foi destruída aquando da reentrada na atmosfera para aterragem 16 dias mais tarde.
O'Keefe implementou uma política de segurança para tripulações futuras, que significava que se os seus vaivéns fossem danificados de modo similar, poderiam ficar na Estação Espacial Internacional até serem salvos.
A missão de serviço do Hubble foi uma vítima desta política, pois os vaivéns não transportam combustível suficiente para percorrer as órbitas entre o observatório e a estação.
A luz verde dada por Griffin irá permitir à NASA preparar uma alternativa de salvamento se se descobrir que a missão STS-125 sofreu danos catastróficos na sua subida até órbita.
Outro vaivém teria que subir depressa à base de lançamento e tentar uma transferência nave-nave dos astronautas.
Esta notícia foi recebida com bastante agrado por todos os astrónomos espalhados pelo mundo. A missão de vários milhares de milhões de dólares tem feito uma contribuição notável para o melhor conhecimento da origem e evolução do Universo.
O Hubble já obteve as visões mais profundas do Cosmos, descobrindo objectos de grande interesse para outros observatórios observarem em detalhe.
Os seus estudos da expansão inicial do Universo refinaram dramaticamente as melhores estimativas para a idade do Cosmos. As suas imagens também produziram provas definitivas para a existência de buracos negros e confirmaram teorias de formação planetária.
Os cientistas esperam que esta actualização do Hubble continue a permitir fazer descobertas sem paralelo.
A senadora de Maryland, Barbara Mikulski, umas das vozes mais activas em concordância com uma missão de serviço, afirma: "É um grande dia para a Ciência, um grande dia para a descoberta, um grande dia para a inspiração; porque é o que o Hubble significa para muitas, muitas pessoas," na reunião em Goddard.
Fonte: Centro de Ciência Viva do Algarve