Autor Tópico: [Poluição Luminosa] Problema e Solução  (Lida 5034 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Offline Miguel Lopes

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1810
  • Karma: +0/-0
    • Ver Perfil
[Poluição Luminosa] Problema e Solução
« em: Dezembro 20, 2006, 03:21:19 pm »
Já ouvi falar de uma organização internacional que já fez estudos sobre isso e já tem conclusões sobre tipos de iluminação, poupanças energéticas, etc.
Por exemplo, se em toda uma cidade apenas se usar um tipo de lâmpada, podemos ter um filtro broadband que apenas corte numa pequena gama de frequências.

Mas o maior problema é convencer os arquitectos! Andam todos a colocar candeeiros pipis na rua que mandam metade da luz para o ar!

Agora nas traseiras de minha casa colocaram um lampião esférico sem topo: mais de metade da luz vai para cima :S
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Miguel Lopes »
"a astrologia é a ciência dos ignorantes, a astronomia é a dos que se sentem ignorantes" - Miguel Lopes

Offline Guilherme de Almeida

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Principiante
  • *****
  • Mensagens: 316
  • Karma: +6/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
    • artigosediversos
(sem assunto)
« Responder #1 em: Dezembro 20, 2006, 04:45:19 pm »
Citação de: "Miguel Lopes"
Já ouvi falar de uma organização internacional que já fez estudos sobre isso e já tem conclusões sobre tipos de iluminação, poupanças energéticas, etc.
Por exemplo, se em toda uma cidade apenas se usar um tipo de lâmpada, podemos ter um filtro broadband que apenas corte numa pequena gama de frequências.

Mas o maior problema é convencer os arquitectos! Andam todos a colocar candeeiros pipis na rua que mandam metade da luz para o ar!

Agora nas traseiras de minha casa colocaram um lampião esférico sem topo: mais de metade da luz vai para cima :S

Caro Miguel Lopes

1. Essa organização internacional é a IDA (International Dark Sky Association), e o site da IDA é

http://www.darksky.org/

Trata-se de um site monumental, com imensas ramificações. Um oceano de informação. Bem explorado tem lá de tudo.

2. Há ainda a tese de mestrado do Phil Harrington, autor norte-americano), que é fundamentada no ponto de vista da economia e desperdícios de energia (a única forma a que os políticos são sensíveis). Essa tese (60 páginas) pode ser acedida e impressa em

http://www.philharrington.net/thesis.pdf .

O autor autoriza o uso e impressão da tese desde que não seja modificada nem vendida. As condições que o autor (Philip Harrington) pretende são muito liberais e podem ler-se  aqui:
http://www.philharrington.net/thesis.htm .

3. Vejam ainda este interessante trabalho, do José Carlos Diniz, sobre poluição luminosa:

http://astrosurf.com/diniz/combate_a_po ... inosa.html

Boas leituras
Guilherme de Almeida
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Guilherme de Almeida »
Guilherme de Almeida

(sem assunto)
« Responder #1 em: Dezembro 20, 2006, 04:45:19 pm »

Offline Miguel Lopes

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1810
  • Karma: +0/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #2 em: Dezembro 20, 2006, 05:26:20 pm »
Vi na página da IDA que a Itália assinou um protocolo para regulamentar iluminação de rua e monumentos:
http://www.darksky.org/news/press-2006-11-23.php

Pelo que vi, parece-me que seria mais fácil dirigirmo-nos directamente à EDP, a um ministério, grupo parlamentar ou entidade reguladora do que câmaras municipais.

Mas quer-me parecer que isto só será norma quando for imposta pela comissão europeia.

Tem toda a razão sobre o argumento económico. Acho que neste tipo de iniciativas o lado astronómico tem de ser apresentado como secundário. O principal factor a apresentar tem de ser o uso racional de energia. Se começamos pela abordagem da astronomia, correm logo connosco.
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Miguel Lopes »
"a astrologia é a ciência dos ignorantes, a astronomia é a dos que se sentem ignorantes" - Miguel Lopes

Offline Guilherme de Almeida

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Principiante
  • *****
  • Mensagens: 316
  • Karma: +6/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
    • artigosediversos
(sem assunto)
« Responder #3 em: Dezembro 20, 2006, 05:54:03 pm »
Exactamente, Miguel
Por muito que isso nos custe a aceitar, eles (as entidades públicas) não são sensíveis a "uns quantos indivíduos que gostam de olhar para o céu".

Os únicos argumentos que eles aceitam são a economia de energia ($$$) ou o incómodo que a luz nos pode causar na vida normal (por exemplo a luz do candeeiro da Rua, mal orientada, que nos entra pelo quarto dentro e não nos deixa dormir.

A PHILIPS, fabricante de sistemas de iluminação pública, iluminação de ruas, de estádios desportivos, etc, tem em Portugal uma Divisão de Iluminação *** Ele oferecem, a quem o pedir, o catálogo de sistemas de iluminação pública. Alguns modelos incluídos nesse catálogo foram aprovados pelo Instituto de Astrofísica das Canárias, ou seja modelos bem estudados, com incidência especialmente baixa na  poluição luminosa. Apenas há que escolher esses modelos em vez dos maus modelos, mais contaminadores e mais poluidores.

Estes bons modelos estão prontos a vender e a aplicar. Portanto, as Câmaras Municipais,  têm À disposição modelos já optimizados para muito baixa poluição luminosa, mas boa eficácia iluminante, por onde escolher, sem precisarem de imaginar coisas novas.

O problema é a vontade para escolher esses modelos em vez dos maus modelos, e aí põe-se a questão da educação do público, não apenas da classe política. Basta ver a Àrvore da Natal da Praça do Comércio em Lisboa, dita "a maior da Europa ou talvez do Mundo" para se ver a mentalidade e a escala de valores das pessoas em geral e do nosso povo. Há que educar primeiro o público, fazendo ver que o céu nocturno é um Património da Humanidade; não são só os mosteiros, palácios e outras coisas históricas que constituem património da humanidade, ou que são "maravilhas do mundo"..

Há pois que começar por educar o nosso povo em primeiro lugar. É que se assim não for, se não se educar o povo primeiro, mesmo que as Câmaras Municipais escolhessem modelos de luminárias de fraca poluição luminosa (apesar de iluminarem muito bem o chão), haveria logo quem protestasse a dizer que não gostava dos novos candeeiros...
Dizia-me um engenheiro da Philips que por vezes, para iluminar um recinto desportivo, eles apresentavam um projecto de baixa poluição luminosa e os "clientes" reclamavam, dizendo que queriam uma coisa que deitasse luz para cima e que impressionasse vista de longe; não lhes bastava iluminar o estádio! Por isso, eles, da Phillips, muitas vezes perdiam a adjudicação para outro concorrente "menos idealista", que apresentava logo de início um projecto de iluminação mais poluidor e espampanante, mas que o cliente (obviamente mal informado) preferia.

***
Divisão de Iluminação da PHILIPS Portuguesa, SA
Rua Dr. António Loureiro Borges, 5
APARTADO 300
2796-975  LINDA-A-VELHA

Telefone: 21 416 31 82
FAX: 21 416 32 22  
-----------------

Guilherme de Almeida
« Última modificação: Fevereiro 16, 2007, 10:07:43 pm por Guilherme de Almeida »
Guilherme de Almeida

Offline Miguel Lopes

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1810
  • Karma: +0/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #4 em: Dezembro 20, 2006, 06:20:23 pm »
Eu já trabalhei com várias câmaras em concursos públicos para fornecimento de software e hardware e aprendi uma coisa:

Quem ganha o concurso públicos tem de cumprir os critérios. Quando os critérios não são da própria câmara, são da empresa que fez o projecto.
Eu trabalho com empresas de projectos eléctricos. Eles pedem-me consultoria na parte de redes e software e eu colaboro no projecto. Uma vez um projectista referenciou software nosso no próprio concurso público, porque era o único software que conhecia para esse fim. O que aconteceu? Quem quisesse concorrer, tinha de nos comprar o software.
O que quero concluir com este caso: os projectistas recomendam materiais e produtos acabados de marcas específicas. Por isso todos os vendedores de produtos eléctricos vão bater à porta dos gabinetes de projectos.
Se o pedido de projecto, por parte da câmara, não indicar uma norma de iluminação a ser cumprida, os gabinetes escolhem a que querem. Portanto ou existe uma norma a cumprir em todo Portugal, que os gabinetes são obrigados a cumprir, ou a câmara tem de indicar no projecto para concurso público que eles terão de cumprir uma determinada norma.

Em relação à árvore do BCP, eles alegam que usa energia verde, das eólicas. Estão a atirar areia para os olhos das pessoas. A electricidade, quando entra na rede, é igual, não interessa se é eólica ou petrólica.
A chamada energia verde é uma tarifa da EDP igual às outras só que MAIS cara, só para poderem dizer que usam energia verde.

Em relação à educação das pessoas, podíamos começar por tentar apanhar a Maya a atravessar a rua fora de uma passadeira  :D

Essa do recinto desportivo é demais!! Infelizmente é o que se vê diariamente.

Ainda pensei numa outra entidade: tribunal de contas. Fiscalizam gastos de entidades públicas. Poderia proferir uma recomendação à assembleia da república para legislar sobre o assunto.
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Miguel Lopes »
"a astrologia é a ciência dos ignorantes, a astronomia é a dos que se sentem ignorantes" - Miguel Lopes

Offline xumaxer

  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1217
  • Karma: +1/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #5 em: Dezembro 20, 2006, 07:01:37 pm »
Realmente o trabalho do José Diniz é notável, mas não resolve o problema essencial: o custo da energia.
Estas adaptações só servem, NMHO, para iluminações já existentes, pelo que não me parece nada viável que as Câmaras ou entidades responsáveis pela iluminação pública considerem sequer a hipótese de gastar mais umas centenas ou milhares de euros para o efeito.

Deste modo, o argumento da poupança não colhe e, como tal, não resolve o nosso problema astronómico.

Apenas para novas instalações poderiam estas adaptações ser viáveis, mas provavelmente seria melhor começar logo por instalar sistemas amigos da PL. Além disso, temos sempre a questão estética tão do agrado dos habitantes do País com as Maiores Árvores de Natal da Europa (a natural e a artificial).

Como em quase todas as questões de cidadania, parece-me uma luta sem LUZ ao fundo do túnel, mas se não tentarmos, nunca saberemos se teria sido possível.

Por aqui por Leiria, temos bons exemplos de má iluminação. Não será difícil apresentar fotos desta situação. Devo lembrar ainda que, há pouco mais de 2 meses foram inauguradas as remodelações do jardim do Rossio e que, já este mês houve que reparar uma série de coisas... típico!

Pode ser que, se convencermos os construtores a entrarem no negócio da iluminação, comece a haver dinheiro para alterarmos a situação (todos nós conhecemos as estórias da simbiose perfeita Câmaras/Construtores...)

Cumps  :wink:
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por xumaxer »
Cumps ;)

JC
xumaxer
_____________________
"Nunca vi tão bem; a noite é bela; o meu telescópio é o melhor do mundo" William Herschel in Telescópios (2004)

http://myskyatnight.

Offline Guilherme de Almeida

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Principiante
  • *****
  • Mensagens: 316
  • Karma: +6/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
    • artigosediversos
(sem assunto)
« Responder #6 em: Dezembro 20, 2006, 08:32:53 pm »
Excelentes contribuições de Miguel Lopes e de Xumaxer. Bom, vejamos as coisas por partes

1. Em relação à mensagem do Miguel Lopes:

É claro que se existisse uma norma portuguesa sobre a poluição luminosa, e sobre os candeeiros admissíveis, as coisas seriam melhores. Se o Governo decretasse obrigatório o seu uso, tinha mesmo de se fazer as coisas em conformidade, para que fossem aprovadas. No entanto, salvo melhor opinião, isso não dá votos!. Mas enquanto as coisas não melhoram, o "dono da obra" (o clube desportivo, a empresa que quer iluminar as suas instalações, o hotel, etc) tem a faca e o queijo na mão para decidir como quer iluminar. E muitas vezes decidirá da forma mais popular... que sabemos qual é.

2. Em relação à mensagem do Xumaxer

O custo unitário da energia (preço por cada kWh) é constante, mas economiza-se consumindo menos kWh, como veremos seguidamente
O argumento dos custos colhe bem dentro dos órgãos do poder, pois permite iluminar o mesmo com menos custos. Se a armadura da luminária for substituída por outra que reflecte para baixo o fluxo luminoso que iria para cima, teremos a mesma lâmpada a iluminar num ângulo sólido menor, donde resulta uma concentração de fluxo luminoso. Pode-se assim: i- iluminar o mesmo com uma lâmpada de consumo bastante menor; ii- iluminar mais intensamente ainda, com a mesma lâmpada. Vejamos as consequências da primeira destas opções (i).

Bom, se dissermos a um presidente da Câmara: "O Sr. tinha aqui uma lâmpada de 400 W; agora pode iluminar o mesmo com 200 W: poupa 200 W por lâmpada. Como são  (mero exemplo) 5000 lâmpadas no seu concelho, poupa 5000x200= 1 milhão de watts= 1 000 kW. " O Sr. Presidente quer ver o que é que isto representa, em euros, por hora, por dia e por ano ?" e em seguida podia explicar-se isto:

Em 1 hora poupam-se 1000 kWh, ou seja, cerca de 9000 euros ecoomizados por hora, sendo o custo do kWh=9 euros.
Numa noite (8 h) poupam-se 8x9000=72 000 euros.

Num mês poupam-se 30x 72 000 euros = 2 160 000 euros (mais de dois milhões de euros), dando 12 x 2 160 000 = 25,92 MILHÕES DE EUROS por ano.  Será isto um valor de poupança irrisório ?

Isto seria num local com 5000 lâmpadas. E num país? Bom, num país como Portugal, e supondo 500 000 lâmpadas, para ser conservador (estimando por baixo), poupavam-se ... 2592 milhões de euros por ano ... Quem achará que isto é poupança desprezável? Quem ?
É assim tão insignificante que não valha a pena olhar ?
E agora veja-se o que se economizava, indirectamente, em combustível nas centrais térmicas em consequência deste não consumo... E na menor poluição atmosférica daí resultante...

Guilherme de Almeida
« Última modificação: Dezembro 21, 2006, 10:42:07 pm por Guilherme de Almeida »
Guilherme de Almeida

Offline xumaxer

  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1217
  • Karma: +1/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #7 em: Dezembro 20, 2006, 08:58:10 pm »
Caro Guilherme,

também eu em minha casa resolvi substituir várias lâmpadas de halogéneo e incandescentes por lâmpadas economizadoras, sabendo que o investimento inicial seria amortizado ao longo do tempo (nessa altura, perspectivava-se um aumento de 16% no preço da electricidade...).

Quando me referi aos custos das adaptações, nem tinha mencionado a substituição das lâmpadas; apenas pretendia demonstrar que, só isso, iria constituir um custo acrescido, no fabrico e instalação das guardas idênticas às do José Diniz pelo que dificilmente as Câmaras o fariam, pois isso iria manter os custos energéticos, aumentados pelas adaptações.

Claro que se juntamente com as adaptações fosse também sugerida a substituição da lâmpada que, conforme os seus breves cálculos, iriam poupar recursos financeiros e energéticos, talvez aí o argumento podesse ser analisado e operacionalizado.

Concordo inteiramente consigo, no que diz respeito a tentar, penso aliás que não terei sido mal interpretado na minha mensagem; apenas levantei algumas reservas porque infelizmente em Portugal as coisas realmente importantes e sérias quase nunca são devidamente tratadas, sendo mais fácil criar as tais Árvores de Natal, maiores clubes do mundo e outras (i)mundices que em nada contribuem para a nossa qualidade de vida.

Como sempre, as suas sábias palavras levam-nos a meditar melhor sobre  os assuntos aqui trazidos.
E, aprender com as outras pessoas é um dos meus lemas de vida, o que com os seus contributos, se torna uma experiência bastante agradável.

Quem de nós, alguma vez teria pensado numa poupança desta ordem de grandeza? Realmente o mundo estende-se bem para lá da nossa casa...

Cumps  :wink:
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por xumaxer »
Cumps ;)

JC
xumaxer
_____________________
"Nunca vi tão bem; a noite é bela; o meu telescópio é o melhor do mundo" William Herschel in Telescópios (2004)

http://myskyatnight.

Offline Miguel Lopes

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1810
  • Karma: +0/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #8 em: Dezembro 20, 2006, 09:33:56 pm »
Isto enquadra-se tudo numa ideia meia utópica que tenho à vários anos:
uma espécie de governo virtual na internet!
Passo a explicar:

Conjunto de cidadãos que expõem situações ilegais, ineficientes, etc, juntam tudo num dossier na net, devidamente fundamentado, enviam para um departamento jurídico / comunicações desse governo que desencadeia acções legais, queixas públicas, ligação aos media, etc...

Tecnicamente seria um conjunto de fórums, com edição conjunta de documentos, tipo wikipedia.
O ideal era se fosse uma entidade de interesse público, com comparticipação do orçamento de estado.

Este seria um assunto que se enquadrava muito bem neste "governo".

O cálculo do Guilherme é um exemplo. Bem fundamentado, poderia ser apresentado ao ministério da administração interna ou à associação de municípios. Nós, depois de ler o cálculo inicial, poderiamos propor refinamentos ou contestar métodos de avaliação.
Eu poderia dizer que, por exemplo, para grandes consumidores, o custo do kW/h é bastante inferior a 9€.
E poderíamos de seguida acrescentar um projecto de investimento. Qualquer investimento compensa, se dispusermos de tempo infinito. Portanto convém apresentar um cálculo de retorno de investimento optimista e pessimista medido em anos. Depois poderíamos adicionar um parâmetro de escala.
Se fosse um município a fazê-lo, o retorno era atingido em x anos. Se fosse a nível de uma central de compras, seria em x-2 anos...
...
...
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Miguel Lopes »
"a astrologia é a ciência dos ignorantes, a astronomia é a dos que se sentem ignorantes" - Miguel Lopes

Offline Guilherme de Almeida

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Principiante
  • *****
  • Mensagens: 316
  • Karma: +6/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
    • artigosediversos
(sem assunto)
« Responder #9 em: Dezembro 20, 2006, 10:55:49 pm »
Citação de: "Miguel Lopes"
Isto enquadra-se tudo numa ideia meia utópica que tenho à vários anos:
uma espécie de governo virtual na internet!
Passo a explicar:

Conjunto de cidadãos que expõem situações ilegais, ineficientes, etc, juntam tudo num dossier na net, devidamente fundamentado, enviam para um departamento jurídico / comunicações desse governo que desencadeia acções legais, queixas públicas, ligação aos media, etc...

Tecnicamente seria um conjunto de fórums, com edição conjunta de documentos, tipo wikipedia.
O ideal era se fosse uma entidade de interesse público, com comparticipação do orçamento de estado.

Este seria um assunto que se enquadrava muito bem neste "governo".

O cálculo do Guilherme é um exemplo. Bem fundamentado, poderia ser apresentado ao ministério da administração interna ou à associação de municípios. Nós, depois de ler o cálculo inicial, poderiamos propor refinamentos ou contestar métodos de avaliação.
Eu poderia dizer que, por exemplo, para grandes consumidores, o custo do kW/h é bastante inferior a 9€.
E poderíamos de seguida acrescentar um projecto de investimento. Qualquer investimento compensa, se dispusermos de tempo infinito. Portanto convém apresentar um cálculo de retorno de investimento optimista e pessimista medido em anos. Depois poderíamos adicionar um parâmetro de escala.
Se fosse um município a fazê-lo, o retorno era atingido em x anos. Se fosse a nível de uma central de compras, seria em x-2 anos...
...
...


Miguel,
Bom, a questão de ordem de grandeza dos valores é que importa, não o valor exacto em si.
Também não tenho o número exacto de lâmpadas e nem todas serão de 400 W. Mas essas rectificações pouco alteram o valor inicial, mantendo-se a ordem de grandeza que é do milhar de milhão de euros.
Mesmo que o preço do kWh (não é kW/h porque não dividimos kW por h, mas multiplicamos), fosse metade de 9 euros para grandes consumidores, isso não alteraria a ordem de grandeza dos custos indicados e não alteraria de modo nenhum o desperdício de energia. Também é muito provável que sejam bem mais de 500 000 lâmpadas e uma coisa quase equilibra a outra.  Rectificações ao preço efectivo do kWh para grandes consumidores,  correcções ao consumo individual por lâmpada, rectificações ao número efectivo de lâmpadas no país pouco alteram o valor indicado de perto de 3000 milões de euros/ano. A não ser para valores ainda maiores, pois creio que 500 000 lâmpadas de iluminação pública para todo o país é um número que peca por defeito (não por excesso), mas eu calculei com 500 000 lâmpadas para poder estar à vontade para afirmar que a economia efectiva não deverá ser inferior a 3 000  milhões de euros /ano.

Note-se que desperdiçar 288 milhões de kWh por ano, é um desperdício efectivo, em consumos de combustíveis para centrais térmicas, em mais CO2 na atmosfera, etc. O consumo e as consequências seria sempre essas, mesmo que o preço fosse zero.

Guilherme de Almeida
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Guilherme de Almeida »
Guilherme de Almeida

Offline Miguel Lopes

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1810
  • Karma: +0/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #10 em: Dezembro 21, 2006, 09:51:49 am »
Citação de: "Guilherme de Almeida"
Mesmo que o preço do kWh (não é kW/h porque não dividimos kW por h, mas multiplicamos)

Grande asneira que dei! Estava já chumbado  :?

Em relação à sua resposta, claro que teríamos de fazer um estudo muito rigoroso ( e moroso) para determinar um valor exacto. Eu dei aqueles exemplos de possíveis refinamentos para um hipotético trabalho de equipa para desenvolver um documento que chegasse a valores aproximados para apresentação oficial a certas autoridades.

Mas como somos todos comodistas, contentamo-nos apenas em expressar a nossa revolta em fórums como estes e ficamo-nos por aí.

“Tá ruim, mas tá bom”
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Miguel Lopes »
"a astrologia é a ciência dos ignorantes, a astronomia é a dos que se sentem ignorantes" - Miguel Lopes

Offline Guilherme de Almeida

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Principiante
  • *****
  • Mensagens: 316
  • Karma: +6/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
    • artigosediversos
(sem assunto)
« Responder #11 em: Dezembro 21, 2006, 01:50:32 pm »
Caro Miguel

O nosso objectivo é ter uma ordem de grandeza dos números. Neste caso a ordem de grandeza dos valores, em euros, da economia nacional por ano.

O valor exacto não pode ser determinado, nem é importante para este fim... Alíás, não se conhece o valor exacto de coisa alguma, quando se trata de medir ou contar entidades espalhadas por um largo território.  Seja saber quantas lâmpadas são "exactamente", que potência tem cada uma delas (há de 150 w, 250 W e 400 W e até estes valores não são exactos**), ou de conhecer a massa da Lua,  a espessura de um arame, a carga do electrão ou a constante de gravitação universal, tudo isso está sempre associado a uma certa incerteza. Tudo é conhecido dentro de determinadas incertezas, maiores ou menores consoante a grandeza e causa e a acessibilidade da medição.

Para os fins em vista, isto é, de se avaliar o que se poupa anualmente a nível nacional com uma iluminação optimizada, com níveis adequados de iluminação, mas com o mínimo de impacto na poluição luminosa, uma incerteza de 25% na quantia final é já muitísimo bom.
Saber ao certo se são 3000 milhões de euros, 2750 milhões de euros , ou 3200 milhões de euros pouca importância vai ter. O que o meu cálculo mostrou é que se trata de uma valor enorme. E que vale a pena.

** Isto é, quando uma lâmpada tem lá escrito, por exemplo, 150 W, isto não é um valor exacto: para a tensão nominal (230 V) será, quando muito dentro de uma incerteza de uns +/-5% ou mais; depois a potência absorvida pela lâmpada depende da tensão eficaz que lá chega... 210 V, ... 215 V, ... 232 V, etc. , isso depende do local e até da hora do dia.

Guilherme de Almeida
« Última modificação: Dezembro 21, 2006, 10:44:48 pm por Guilherme de Almeida »
Guilherme de Almeida

Offline João Clérigo

  • Administrador
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1698
  • Karma: +1/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #12 em: Dezembro 21, 2006, 03:27:27 pm »
Como podem ver, subdividi o tópico original para não se misturar as fotos com com a discussão sobre o assunto.
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por jaclerigo »
Cumprimentos,
João Clérigo

Offline Guilherme de Almeida

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Principiante
  • *****
  • Mensagens: 316
  • Karma: +6/-0
  • Sexo: Masculino
    • Ver Perfil
    • artigosediversos
(sem assunto)
« Responder #13 em: Dezembro 21, 2006, 08:57:36 pm »
Nova informação

Caro Miguel Lopes e todos os intervenientes deste Fórum
Achei curiosa e oportuna a seguinte observação de Miguel Lopes, que tem o mérito de despertar a  nossa atenção:
"Mas como somos todos comodistas, contentamo-nos apenas em expressar a nossa revolta em fórums como estes e ficamo-nos por aí".

Por isso posso dar mais uma informação, no que respeita à poluição luminosa, de se falar muito e pouco fazer, ou de se ser comodista.

Há cerca de 2 anos tive uma reunião com o Presidente da Quercus, Dr. Helder Spínola, sobre o problema da poluição luminosa. Tratou-se de uma reunião que era, achava eu nessa altura, importante e decisiva: só 3 pessoas e mais de hora e meia de reunião garantiam boa troca de impressões. . Apenas eu, outra pessoa e o Dr. Helder Spínola. Foi na própria sede da Quercus, onde me desloquei, num espaço escuro em Monsanto (Lisboa), ao cair da noite...

Um trunfo importante para tal reunião era a questão de os aspectos negativos da poluição luminosa para nós, da Astronomia, serem comuns aos da Quercus no que diz respeito à preservação dos habitats dos animais nocturnos, aos hábitos desses animais, assim como aos problemas que o desperdício de energia acarreta pelo impacto que tem sobre a poluição atmosférica , efeito de estufa e aquecimento global (mais energia, para cobrir desperdícios significa mais CO2 produzido pelas centrais térmicas, etc., etc.). Havia pois interesses comuns e a sinergia era óbvia... Um bom presságio.

Dei-me ao trabalho de preparar, dias antes da reunião, um dossier de 80 páginas sobre tudo o que arranjei sobre poluição luminosa, causas, efeitos, estratégias correctivas, contactos da IDA, etc. etc. Entreguei ao Presidente da Quercus esse dossier cuidadosamente preparado por mim expressamente para o efeito.  Expliquei os diferentes aspectos sobre a poluição luminosa, etc.
Para não falar das horas que gastei com essa preparação e das minhas despesas com os materiais para fazer tal pacote de documentação. Matéria entregue, reunião, explicações, missão cumprida, pensava eu.

Desde aí, e já passaram mais de 2 anos, não observei nenhum efeito nem nenhum eco dessa reunião, nem efeitos práticos da documentação que tão cuidadosamente preparei.  Alguém deu por isso ?. Eu também não dei por nada.
De tudo isto podem tirar-se conclusões. Cada um tirará as conclusões que entende.

Quem quiser continuar esta intenção  tem desde já à disposição os seguintes contactos da Quercus:

Website:
http://www.quercus.pt

Link para denúncias:
http://www.quercus.pt/scid/webquercus/d ... goryId=522

Outros contactos:
Secretariado da Direcção Nacional
Centro Associativo do Calhau
Bairro do Calhau
Parque Florestal de Monsanto
1500-045 Lisboa

Tel: 21 778 8474
Fax: 21 778 7749

E-mail: mailto:secretariadonacional@quercus.pt

Boa continuação do trabalho
Guilherme de Almeida
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Guilherme de Almeida »
Guilherme de Almeida

Offline Miguel Lopes

  • Grupo Galáctico
  • Astro-Avançado
  • *****
  • Mensagens: 1810
  • Karma: +0/-0
    • Ver Perfil
(sem assunto)
« Responder #14 em: Dezembro 21, 2006, 10:55:47 pm »
Bem, tenho que lhe pedir desculpas então.
A minha observação foi mesmo propositada a tentar levantar alguém do sofá. Estou farto de ouvir coisas tipo "o país não anda para a frente" mas não vejo acção nenhuma. Nem minha :S

Mas depois de ler o seu relato da reunião, realmente tenho de lhe pedir desculpa, pois não é um comodista.

Em relação à Quercus, esses realmente parecem ser os comodistas. Ou nas próprias palavras deles:
Citar
Lembre-se, no entanto, que a Quercus depende em grande parte de trabalho voluntário, o que justifica alguma falta de capacidade em termos humanos para acompanhar todas as situações que nos chegam. É um erro pensar que as associações conseguem resolver tudo.


A ecologia a nível mundial está muito mal defendida desde que os movimentos perderam isenção política e conotaram-se com a esquerda e a extrema esquerda. Os próprios fundadores da GreenPeace afastaram-se do movimento quando viram o seu desvio para a extrema esquerda. Hoje em dia temos o PEV associado pela CDU ao PC. Pergunto eu o que os ideais comunistas (ou os de outro qualquer partido) têm a ver com ecologia?  

O JaClerigo criou este tópico para colocarmos fotos de iluminação pública que nos dá cabo das observações. Podíamos aproveitar os resultados e enviar uma a uma no link de denúncias que colocou. Mas pelo que li, os "atentados" ambientais para eles são rios poluídos e não os desperdícios energéticos. Acho que eles ficam mais felizes se conseguirem que uma pessoa deixe de usar laca de cabelo do que se substituir todas as lâmpadas da casa por económicas.

A melhor abordagem será provavelmente umas das já descritas neste tópico, desde câmaras, ministérios, assembleia da república, grupos parlamentares, etc.
Por exemplo se o PEV pela CDU propusesse a aplicação de uma norma no parlamento, era chumbada pelos outros partidos. Passados 2 anos o PS ou o PSD apresentavam exactamente a mesma proposta de lei e passava.
« Última modificação: Janeiro 01, 1970, 01:00:00 am por Miguel Lopes »
"a astrologia é a ciência dos ignorantes, a astronomia é a dos que se sentem ignorantes" - Miguel Lopes

(sem assunto)
« Responder #14 em: Dezembro 21, 2006, 10:55:47 pm »