Caros amigosAo comparar telescópios refractores com reflectores, a questão não se baseia só em comparar as áreas das objectivas, mesmo subtraindo a área da obstrução (quando há obstrução). É que essa comparação, feita desse modo, só faz sentido se o factor de transmissão de luz for igual entre os diversos telescópios comparados.
Um bom refractor apresenta um factor de transmissão de luz, para a óptica principal, de 93% a 97%. Um Maksutov-Cassegrain (MCT), ou um Schimdt-Cassegrain), onde há 3 espelhos a considerar (aceitando que está um espelho diagonal montado), além da lente correctora (menisco) tem um factor de transmissão global da odem de 65 a 80%, dependendo do tipo de espelhagem. Sempre para a óptica principal, pois a ocular entra de igual modo nos vários telescópios.
A título de comparação real, comparei o meu MCT Intes Micro de 150 mm f/10 (um excelente instrumento, diga-se) com o meu refractor Apo TMB de 115 mm f/7. Da experiência feita, com cuidado e sem pressas, verifiquei que não havia nenhuma estrela, por menos brilhante que fosse, detectável já no limite no MCT de 150 mm que não fosse detectável, pelo menos tão bem, no Apo 115 mm. Bem me esforcei, e até repeti o teste várias vezes. Procurei uma estrela quase no limite de visibilidade do MCT de 150 mm; passei para o TMB Apo 115 mm (montado mesmo ao lado) e lá estava a estrela. Tão visível ou levemente melhor do que no MCT de 150 mm.
Além da questão do factor de transmissão, acontece que no Aoo se consegue focar estrelas em imagens mais pequenas, dando origem a grande concentração de luz; no MCT as imagens estelares não eram tão bem definidas e, sendo menor a concentração de luz, as estrelas muito fracas não se evidenciam tanto como no Apo. É claro que se fosse um MCT ainda maior, o Apo 115 mm perderia.
Para detalhe nos planetas, estimo que o MCT equivalente seria da ordem de 7 polegadas, baseado numa obstrução de 35%.
Para observação planetária em pormenores de baixo contraste (em baixa e média frequância espacial), estima-se que um telescópio obtruído de abertura D, com diâmetro linear de obstrução d, é equivalente a um telescópio não obstruído, de qualidade similar, que tivesse a abertura D' tal que D'=D–d.
Por exemplo, se D=200 mm e se a obstrução for x=d/D=35%, então
d=0,35xD=70 mm.
Neste caso o telescópio não obstruído equivalente terá a abertura
D'=200-70=130 mm.
Estas questões (e muitas outras sobre telescópios) são abordadas com detalhe no livro "Telescópios".
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NOTA: Há mais informações no meu outro post deste Fórum, na secção
qualidade óptica (a contar do início dessa secção, é o post n.º 5)
Boas observações
Guilherme de Almeida